sábado, 22 de outubro de 2016

Livro vs Filme: O Conde de Monte Cristo




"Os homens estão mais dispostos a retribuir uma injustiça do que uma caridade, pois a gratidão é um peso e a vingança um prazer.” 
Tácito



“A vingança é um prato que se come frio”. Acredito que nenhuma frase resume melhor o que foi a vida de Edmond Dantés do que essa. Depois de ter passado quatorze anos preso injustamente e mais 10 anos planejando sua vingança.

ALERTA: ESTE TEXTO CONTÉM SPOILER.

O francês Alexandre Dumas é um dos meus autores favoritos. O primeiro livro dele que li foi justamente o Conde de Monte Cristo quando tinha a idade de 14 anos. E depois me interessei em conhecer o restante da obra dele e foi uma surpresa atrás da outra.
Mas voltando ao Conde de Monte Cristo, que não é só um dos livros mais excepcionais que conheci na minha vida, como é também o livro que me fez mergulhar no mundo da literatura. Essa obra é daquelas que quando você termina de ler, fica: Uau, o que foi isso?
Sei que o preconceito com filmes baseados em livros é bastante grande, visto que a maioria deles simplifica muito a essência do livro e por vezes distorce totalmente o enredo. Porém, na minha opinião, o filme o Conde de Monte Cristo (2002) foi muito bom dentro daquilo que se propôs e, inclusive, teve alguns pontos que na minha opinião foram melhores do que o que estava no livro.
Edmond Dantés, protagonista da história, era um destemido marinheiro, tanto que era o segundo imediato do capitão e tinha aspirações de se tornar um futuramente. Ele tinha uma namorada, Mercedéz, com quem pretendia se casar. Todavia também era muito ingênuo.
A primeira fase da história é ambientada entre os anos 1814 e 1815 na França. E para entendermos melhor a história, precisaremos analisar qual momento histórico esse país passava.
Em 1814, Napoleão Bonaparte, o imperador francês, foi exilado na Ilha de Elba, na costa da Itália. Porém Napoleão era um líder que, digamos, ainda tinha muitos seguidores. Por isso havia um grande temor de que ele fugisse ou fosse resgatado pelos seus. O imperador era escoltado por cerca de 400 militares que atiravam contra qualquer embarcação que surgisse por lá, por mais inofensiva que aparentasse ser.
E foi justamente onde Edmond Dantés desembarcou em uma de suas viagens, pois o capitão do navio havia contraído meningite e precisava de socorro médico urgente.
No início um pequeno embate se instaura, mas logo fica entendido que de que Dantés e os outros marinheiros não eram aliados de Napoleão. Mas este aproveitando-se da ingenuidade de Dantés, pediu-lhe que entregasse uma carta para um amigo do imperador. E assim o fez.
A partir daí, Edmond vai do céu ao inferno. Assim que retorna de viagem, com a morte do capitão, Dantés é promovido a capitão, justamente por tê-lo substituído com tamanha capacidade. Com a promoção, ele então faz plano de casar-se com seu grande amor, Mercedéz.
Entretanto seu destino é alterado por conta de três inimigos que fizeram um complô contra ele:
  • Fernad Mondego, que era apaixonado por Mercedez, noiva de Edmond. E com o amigo fora do páreo, ele conquistou-a.
  • Danglars, que almejava o posto de capitão conquistado por Dantés.
  • O Juiz Villefort, que mesmo sabendo que Edmond não agiu de má-fé, resolveu prendê-lo, pois descobriu que seu pai era o destinatário da carta de Napoleão.

Edmond ficou preso no Castelo If por quatorze anos. Apesar da mágoa que guardava de todos que conspiraram contra ele, Dantés já havia se conformado com seu destino e por isso desejava que a morte chegasse logo. E por vezes, ficou sem comer para que morresse de fome.
Até que um dia, outro prisioneiro que cavava um buraco para fugir, por um erro de cálculo, acabou parando na cela de Dantés. Era Abade Faria, padre italiano, muito culto, científico e poliglota. Tornou-se amigo do nosso protagonista, ensina-lhe tudo o que sabia: química, matemática, física etc. Bem como, informou-lhe a localização de um imenso tesouro na ilha de Monte Cristo.
Após a morte do amigo, Abade Faria. Dantes foge da prisão, trocando de lugar com o cadáver. Livre, seu objetivo era um só: VINGANÇA.
Nesse ponto é que o livro e o filme começam a se distanciar. Mas acredito que todas as mudanças foram oportunas, pois para retratar todos os fatos do livro, um filme é muito pouco, deveria ser no mínimo uma série ou novela.
Vejamos agora quais foram as principais mudanças:
  •  Dantés passou 10 anos estudando seus inimigos planejando sua vingança, No filme, tudo acontece em questão de meses;
  •  Dantés assumiu vários disfarces dentro desse período de “estudo”. O único disfarce que apareceu no filme foi o de Conde de Monte Cristo;
  •  Albert é realmente filho de Mercedez e Mondego. Não é filho de Dantés;
  • Dantés, no final, fica com sua ex-escrava e Mercedez vai para um convento. No filme, Dantés e Mercedez ficam juntos;
  • Mondego se mata após descobrir que Dantés está vivo. No filme, Dantés mata Mondego;
  • Villefort é preso por tramar a morte do pai.

A vingança é o ponto forte da história. No livro, ele faz tudo isso de forma impiedosa e por vezes cruel. Tudo planejado e calculado minimamente. Nesse ponto, acredito que o filme minimizou os fatos, pois foi mostrado os males que uma vingança, mesmo com motivação justa, pode trazer ao vingador.
Edmond era pessoa boa que acreditava que todos eram bom e esse traço positivo em sua personalidade, foi que trouxe sua desgraça. É como diz aquele velho dito popular: “gente boa demais, só se ferra”.
Em suma, apesar do final bem clichê, acredito que o filme foi dentro daquilo se esperava. Muito bom, mas nada supera o prazer de ler o livro.


4 comentários: